Por Regis Tadeu, especial para o Yahoo! Brasil
Todo mês, o colunista Regis Tadeu (
leia as colunas dele) comenta a agenda de shows do mês aqui no
Yahoo!. Ácido como sempre, o crítico músical dá a dica das apresentações que você não pode perder e os shows que você não deve passar nem perto.
LUAN SANTANA
22 - Porto Alegre - Ginásio Gigantinho
Cada época tem o ídolo popular que merece. Hoje, a "bola da vez" é este garoto, dono de um repertório mais fraco que sopa de albergue noturno. Suas canções trazem os piores clichês desse universo "dor-de-corno-sertaneja" e seus maneirismos em cima do palco só conseguem levar à histeria quem tem menos de quatro neurônios em funcionamento. Hoje, junto com as tais "bandas coloridas", o sucesso da música de Luan Santana é o exemplo máximo da estupidez que reina na juventude descerebrada nacional. Passe longe disso, pelo amor de Deus!
FESTIVAL I LOVE JAZZ
3, 4 e 5 - São Paulo - Auditório Ibirapuera
Pode apostar que este é um evento imperdível para quem gosta de jazz, principalmente para quem curte a vertente oriunda do dixieland. Há atrações para todos os gostos. Tem o ótimo grupo francês Pink Turtle - que desconstrói clássicos como "Hotel California" (Eagles) e "Walk on the Wild Side" (Lou Reed) para convertê-los ao universo jazzístico -, a excelente pianista Judy Carmichael, o conhecido guitarrista Vitor Biglione, o grande trompetista Leroy Jones com seu sexteto, o clarinetista francês Claude Tissendier, o grupo argentino Antigua Jazz Band e o brasileiro Dixie 5, além de Elza Soares e sua gritaria.
TRANSAMÉRICA ROCK SHOW
5 - São Paulo - Citibank Hall
Shows organizados por rádios costumam ser eventos previsíveis, recheados de locutores querendo aparecer com discursos patéticos em cima do palco, distribuição de bugigangas que recebem o nome de "brindes" e, o pior: sempre com as mesmas bandas. É o caso aqui, com mais do mesmo, ou seja, os shows de Pitty, Detonautas e Biquíni Cavadão. Os dois primeiros ainda são capazes de segurar uma onda em cima do palco, mas este último tem a consistência sonora de uma tigela de arroz-doce.
VIVE LA FÊTE!
05 - São Paulo - Comitê Club
Pode apostar: a dupla francesa vai fazer um showzão! Da primeira vez em que estiveram aqui no Brasil, em 2008, mostraram animação, som pesado e dançante, performances carismáticas e um repertório espertíssimo. Se você gosta de rock eletrônico feito com entusiasmo, não pode perder isto aqui por nada.
HORI
6 - Belo Horizonte - Chevrolet Hall
É, os tempos andam duros para quem gosta de música. Chega a ser inexplicável como um cara que, aparentemente, é gente fina, é alçado à condição de ídolo de uma horda de meninas gritalhonas e histéricas sendo desafinado ao extremo e liderando uma banda não menos que medíocre. Tentar encontrar algum tipo de genuína qualidade no som dos caras é o mesmo que vender cortadores de grama para beduínos no Saara: uma perda de tempo. É, os tempos andam duros mesmo...
ALMIR SATER
06 - Rio de Janeiro - Citibank Hall
Um dos artistas mais dignos da história musical deste país continua sua incansável batalha para mostrar às pessoas que "música sertaneja" não é esse festival de lamúrias bregas e choronas que se ouve por aí. Por intermédio de poesia genuinamente agreste e bela, da viola bem tocada e da sinceridade que pontuam canções tão simples quanto pungentes, Almir tem tudo para lhe ensinar a diferenciar as pérolas das bijouterias baratas. Entendeu a analogia?
MART'NÁLIA
06 - São Paulo - HSBC Brasil
Outra boa pedida, desta vez para quem gosta de samba e não desse pagode "xexelento" que andam tentando ressuscitar. A filha de Martinho da Vila canta bem, tem bossa e charme no palco, está sempre acompanhada de bons músicos e de um repertório alegre e bem montado. O que você quer mais?
PIXOTE
06 - Porto Alegre - Pepsi on Stage
Leu o que acabei de escrever aí em cima? Pois é, Pixote é a personificação desse "pagode mela-lingerie" que andam tentando trazer novamente à tona. Como dá para levar a sério um grupo que compõe troços batizado como "Por Favor Volta pra Mim" e "Cedo Pra Te Esquecer"? Não dá, né? O pior é que tem gente que chama isso de "samba". É o fim dos tempos... Ah, o show? Pô, vá fazer outra coisa...
DIOGO NOGUEIRA
06 - São Paulo - Carioca Club
Ele até tenta seguir os passos do pai - o lendário e falecido João Nogueira -, mas além de não ter voz condizente com o gênero, Diogo Nogueira tem carisma zero e faz um tipo de samba que não só passa a anos-luz de distância daquilo que Zeca Pagodinho e Jorge Aragão - estes sim representantes do "resgate do samba de raiz" -, como também soa como um Alexandre Pires mais rústico. Não perca seu tempo.
OSWALDO MONTENEGRO
6 e 7 - São Paulo - Citibank Hall
Já vi muitos músicos ruins na vida. Ruins, muito ruins. Mas talvez seja pior ver um artista chato, que faz canções chatas, com letras chatas, que prega um discurso chato e faz arranjos chatos. Músicos ruins podem ser engraçados, mas o artista chato é apenas... chato. Ninguém personifica isso como Oswaldo Montenegro. Seu show é capaz de fazer adormecer uma manada de rinocerontes enfurecidos, de fazer gente dormir plantando bananeiras nas cadeiras dos teatros. Deus, que show chato...
ROBERTA CAMPOS
06 e 07 - São Paulo - Tom Jazz
Ela ainda é uma menina, mas tem tudo para ser uma grande artista. Suas canções passam longe da babaquice adolescente, ela nitidamente sabe o que fazer com seu violão e tem certa doçura em cima do palco. Ela precisa apenas tomar cuidado com as desafinações que costuma cometer em seus shows. O fato de fazer este show em um local pequeno e intimista deve corrigir esse defeito. Assim espero...
LULU SANTOS
07 - São Paulo - HSBC Brasil
20 e 21 - Rio de Janeiro - Vivo Rio
Show de Lulu Santo sempre é garantia de caminhão de hits bem tocados, performances energéticas e precisas, gente incapaz de ficar sentada na plateia e muita cantoria. Só que Lulu volta a São Paulo com um show acústico, o que certamente vai dar uma diminuída no astral e privilegiar um repertório mais comportado. Mesmo assim, os novos arranjos talvez tragam algumas novidades. Quem é fã, deve conferir; quem nunca viu show dele e tem curiosidade pode se surpreender.
GRUPO REVELAÇÃO
07 - São Paulo - Credicard Hall
Outro representante do tal "pagode de corno", autor de um hino do gênero, "Coladinho". O show? Mais do mesmo, claro: canções idênticas umas às outras, letras versando sobre o mesmo assunto, dancinhas canhestras em cima do palco e plateia conivente com isso. Deus do céu, essa invasão de grupos de pagode ressuscitados ainda vai me dar azia...
LOBÃO
07 - São Paulo - Comitê Club
Não importa se o show que o velho Lobo vai apresentar é acústico ou elétrico. Tanto faz. Porque suas apresentações sempre são repletas de canções excelentes, performances vigorosas, banda de apoio extremamente competente e, claro, o carisma e o bom humor azedo de quem não cansa de ser polêmico. Independente do formato, é diversão na certa.
CHIMARRUTS
08 - São Paulo - Citibank Hall
Este grupo é uma espécie de "Banda Calypso do reggae nacional". Aliás, chamar o som eles de reggae chega ser uma ofensa, já que o os caras fazem é uma sopa que tem como ingredientes letras pseudo românticas insípidas, arranjos medíocres e, vá lá, uma pitada daquele tipo de som celebrado pelo Gilberto Gil em "Não Chore Mais", ou seja, sem um pingo de consistência sonora. Alô, pessoal! Vamos ouvir um pouco mais de Steel Pulse e Heptones antes de se meter a fazer "som da Jamaica" de plástico, por favor.
RESTART
08 - São Paulo - HSBC Brasil
22 - Rio de Janeiro - Vivo Rio
O horror, o horror, o horror, o horror, o horror, o horror, o horror, o horror, o horror, o horror, o horror, o horror, o horror, o horror, o horror, o horror, o horror, o horror, o horror, o horror, o horror, o horror, o horror, o horror, o horror, o horror, o horror, o horror, o horror, o horror, o horror, o horror, o horror, o horror, o horror, o horror, o horror, o horror, o horror...
MARIA RITA
09 - São Paulo - Tom Jazz
16 - São Paulo - Tom Jazz
23 - São Paulo - Tom Jazz
30 - São Paulo - Tom Jazz
Sempre cercada de ótimos músicos em sua banda de apoio, a filha da Elis Regina vem apresentando um show repleto de classe e elegância. Embora continue a exibir inúmeros trejeitos da mãe, ela melhorou muito como cantora e já começa lentamente a trilhar um estilo próprio. Se você é daqueles fãs incondicionais de MPB, pode ir sem susto.
NANDO REIS E OS INFERNAIS
11 e 12 - São Paulo - Carioca Club
Dono de uma carreira respeitada, o ex-Titã sempre alternou shows bacanas com apresentações claudicantes. De uns tempos para cá, ele adquiriu uma estabilidade harmoniosa em cima do palco e suas apresentações ganharam corpo e eficiência. Tudo isso, ao lado de boas composições e de uma banda muito boa, faz com que esse show seja um bom programa a se conferir.
ALCIONE
12 - Rio de Janeiro - Vivo Rio
Tudo bem que ela já não tem mais a mesma disposição do passado, mas é inegável que Alcione ainda traz dignidade ao samba e, de quebra, mostra aquele vozeirão que não perdeu a força. Se souber deixar de lado as babas românticas que já cometeu na carreira e montar um repertório com suas canções poéticas e cativantes, a "Marrom" pode arrasar.
CÉU
12 - São Paulo - Citibank Hall
De toda essa safra de novas cantoras na MPB, nenhuma tem um trabalho tão instigante, criativo e quase desconcertante quanto Céu. Suas canções trazem uma sonoridade que foge muito dos padrões 'brazucas', ela canta com paixão e entrega, os arranjos são muito bem construídos, as sonoridades dos instrumentos são esquisitas e muito bem sacadas... Se você não tem medo de se submeter a novas experiências musicais, pode ir sem susto!
CÉSAR MENOTTI & FABIANO
13 - São Paulo - Credicard Hall
A simpática dupla não costuma decepcionar em termos de animação em seus shows, muito porque os caras são carismáticos e divertidos, que conseguem injetar doses de sinceridade naquele velho papo de corações partidos, amores não correspondidos e dor de corno, assuntos mais que manjados no universo sertanejo atual. Secundados por uma ótima banda de apoio, a dupla faz aquele tipo de apresentação que certamente vai extasiar quem gosta dessa enxurrada de romantismo aguado.
PARALAMAS DO SUCESSO
14 e 15 - Citibank Hall
O que mais pode ser dito a respeito de uma apresentação dos caras? Excelência técnica, performances arrebatadoras, toneladas de canções antológicas, sinergia entre banda e platéia, exemplo vivo da força de viver de um cara que poderia ter se conformado com sua tragédia pessoal, mas que preferiu lutar contra isso em cima de um palco, junto com seus "irmãos". Pode ir ao show, que é diversão na certa. E ver João Barone tocando bateria é presenciar um workshop rítmico como bônus.
ADRIANA PARTIMPIM
14 e 15 - São Paulo - HSBC Brasil
Olha, ela em cima de um palco não é sinônimo de "carisma" e "animação", mas é inegável que Adriana Calcanhoto tem a habilidade de cativar as platéias usando apenas a beleza de suas composições. Como o show que ela vai mostrar é o Partimpim Dois, sugiro você dar uma consultada na censura e, se possível, levar o seu filhote para conferir um punhado de canções bacanas. Se ele não for fã do Motörhead, vai lhe agradecer.
NX ZERO
15 - Belo Horizonte - Chevrolet Hall
28 - Porto Alegre - Pepsi on Stage
Quem diria, hein? Em um mar de bandas coloridas ridículas, o NXZero acabou se tornando uma "banda de tiozinhos". É, o "pop não poupa ninguém"... Se você tem mais de quinze anos de idade e resolver se arriscar a assistir ao show do Di e seus comparsas, esteja preparado para ouvir canções patéticas, com letras ginasianas a respeito dos sofrimentos do amor, aquela dor de corno toda, embalado por uma banda medíocre e sem um pingo de inspiração.
ZECA BALEIRO
17 - Porto Alegre - Teatro do Bourbon Country
Apesar de seus detratores alegarem que ele não faz nada de novo, a verdade é que Zeca Baleiro é um daqueles caras que podem ser acusados de qualquer coisa, menos de ser preguiçoso em relação ao seu trabalho musical. Sempre produzindo boas canções, com arranjos que muitas vezes fogem dos padrões tradicionais e com um discurso encorpado em termos poéticos, ele injeta certa dose de inconformismo dentro de uma cena que se mostra excessivamente passiva. Se eu estivesse em Porto Alegre, iria a esse show...
SIMPLE MINDS
17 - São Paulo - Via Funchal
19 - Rio de Janeiro - Vivo Rio
22 - Porto Alegre - Teatro Bourbon Country
Vamos combinar que, a esta altura do campeonato, assistir a um show do grupo liderado pelo chatíssimo vocalista Jim Kerr é como finalmente conseguir sair com aquela atriz pornô que você passou a infância inteira idolatrando e ver que ela hoje é uma senhora septuagenária, toda enrugada, que nada mais tem a oferecer. Se os discos do grupo envelheceram mal, imagine um show repleto de timbres de teclado de churrascaria e um cantor que mais parece um cruzamento do Bono com o Fábio Júnior. Não dá, né?
ZEZÉ DI CAMARGO & LUCIANO
17 e 18 - Porto Alegre - Teatro do Sesi
Responda com sinceridade: dá para esperar alguma novidade em uma apresentação da dupla? Dá para esperar que os irmãos mostrem canções inusitadas, arranjos novos que fujam da mesmice e interpretações menos cafonas? Resumindo: quem assistir a este show vai ter uma incrível experiência de "deja vu", ou seja, tudo já foi visto e ouvido antes, mesmo que algumas canções novas tenham sido enxertadas no repertório. Tédio, tédio, tédio...
CHEIRO DE AMOR
21 - Rio de Janeiro - Citibank Hall
Vá fazer um bolo, um curso de mergulho, uma aula de ioga, um cachorro-quente prensado com purê e ervilhas, umas peças de artesanato com arames, uma escalada, um testamento, uma pipa para o seu filho, um churrasco na laje, uma caminhada no parque, uma limpeza no carburador do seu carro, uma faxina na casa, uma cavalgada no sítio, uma caça a raposa em Londres, uma excursão ao Nepal, uma viagem a Saturno... Faça qualquer coisa, menos assistir a este show. Ah, que nada... Não precisa agradecer...
CHICAGO & AMERICA TOUR
24 - Belo Horizonte - Ginásio do Mineirinho
25 - Rio de Janeiro - HSBC Arena RJ
26 - São Paulo - Ginásio do Ibirapuera
Imagine duas pessoas se afogando no meio do oceano, agarradas a uma única e frágil bóia. É assim que pode ser definida a turnê em conjunto de duas bandas que tinham uma carreira bacana nos anos 70, mas que sucumbiram ao comercialismo barato e à indigência musical nas décadas subseqüentes. É inacreditável que alguém realmente pense que estes dois grupos ainda têm algo a oferecer além de canções requentadas sem um pingo de tempero. E tomem coisas execráveis como "If You Leave Me Now", "A Horse With No Name" e outras aberrações sonoras. Fuja!
ALINE CALIXTO
27 e 28 - Belo Horizonte - Teatro Dom Silvério
Sua voz é correta, seu samba é correto, a banda que a acompanha é correta, sua postura de palco é correta... Talvez esse seja o grande problema desta cantora: tudo é correto demais, não há espaço para o imprevisto, para um movimento que não tenha sido ensaiado, para uma canção tocada de última hora, para um improviso. Tudo é milimetricamente calculado... e chato. Torça para que ela tenha mudado.
LIONEL RICHIE
28 - São Paulo - Ginásio do Ibirapuera
29 - Rio de Janeiro - HSBC Arena
"Say You, Say Me"? HAHAHA! "Hello"? HAHAHA! "All Night Long"? HAHAHA! "We Are the World"?HAHAHA! "Dancing on the Ceiling? HAHAHA!!!
ERYKAH BADU
29 - São Paulo - Credicard Hall
Classe + elegância + voz divina + canções maravilhosas + sensualidade + banda de apoio de inegável categoria + arranjos sutis e surpreendentes + carisma + profissionalismo + ousadia = melhor show do mês. Simples assim...
Fonte:
br.noticias